Era uma vez duas crianças, filhas de pastores, que tinham por tarefa diária levar uma vaquinha a pastar, enquanto seus pais desbravavam as matas densas e arroteavam as terras. As crianças, manhã cedo, com uma magra côdea de pão e fruta silvestre, guiavam a vaquinha para os lugares baixos e alagadiços, onde havia erva viçosa, nas margens da ribeira.
A fúria das ondas impedia a água da ribeira de chegar ao mar, colocando-lhe à frente um paredão de calhaus que a retinha numa enorme lagoa. Para grande surpresa das crianças, dentro da lagoa apareceu, de súbito, um barco que deslizava suavemente, trazendo à proa um jovem de tenra idade, de olhos azuis e cabelos loiros que, com um sorriso lhes acenou, convidando-os a partilhar tão divertida brincadeira.O povo da freguesia, que não era muito mas tinha grande fé, compareceu e, com picaretas, deu as primeiras pancadas no basalto rijo e duro que milagrosamente se abriu, apresentando uma enorme gruta onde, com orações e lágrimas, colocaram o Santo para sempre.
Dali, vigia e protege o povo da fúria das ondas do mar, das águas caudalosas da ribeira e dos ventos devastadores.
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